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Arquitetos: Piratininga Arquitetos Associados, VD Arquitetura; Piratininga Arquitetos Associados, VD Arquitetura
- Área: 13461 m²
- Ano: 2011
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Fotografias:Maíra Acayaba
O Laboratório de Bionanomanufatura abrange quatro áreas estratégicas de pesquisa do Instituto de Pesquisas Biológicas – IPT, como a biotecnologia, a tecnologia de partículas, nanomanufatura de equipamentos e metrologia de alta precisão. Além destes laboratórios o edifício contém áreas de trabalho, com espaços de pesquisa e reunião, administração e ambientes de encontro e integração.
O edifício em seus 8.479,00 m² de área construída foi concebido como um único abrigo a todas estas atividades. Trata-se de uma estrutura pré-fabricada, implantada paralela à principal via interna do campus, sobre um terreno com pequeno declive neste mesmo sentido. Neste declive foi possível definir duas diferentes cotas de implantação, correspondes a diferentes especificidades do programa. Na mais baixa, onde foi possível implantar um edifício com três pavimentos, abrigou os laboratórios e as instalações necessárias ao seu completo funcionamento, bem como definiu a chegada de equipamentos e suprimentos e implantação de um pátio de carga e descarga. A cota mais alta definiu o acesso de usuários ao edifício, onde se implantou o térreo onde, à esquerda, se tem o pavimento intermediário dos laboratórios e à direita as áreas de recepção, reunião e integração, através da presença de um café associado a uma praça externa. Ao centro do acesso o grande volume do auditório, cujo pavimento superior ainda é ocupado por uma seção administrativa. Este volume pôde ainda ser levemente enterrado para destacar sua função diferenciada em relação ao resto do programa.
A proposta de se implantar um edifício com estrutura pré-fabricada foi complementada por um conceito separador da edificação, em sua transversal. Foram definidas duas estruturas portantes distintas. A principal que abriga os laboratórios e o programa de trabalho, possui grandes vãos (36 módulos de 7,50x9,60m) e robustez adequada à realização das tarefas que abriga; a secundária, com grande capacidade de carga e vãos menores (12 módulos de 7,50x5,40m), abriga todos os equipamentos e maquinários do edifício. A separação foi necessária para que nenhuma vibração produzida pelos equipamentos das áreas técnicas fosse transmitida ao corpo principal do prédio, de forma a preservar a regulagem dos equipamentos de bionanomanufatura. Temos, portanto, um único prédio com estruturas independentes, inclusive suas fundações.
Uma vez resolvida a separação das estruturas, o projeto envelopa este edifício com sistemas de vedação diferenciados. Nas áreas técnicas, onde se abrigam todas as máquinas e se localiza a carga e descarga de suprimentos, recebe em suas fachadas uma pele em concreto, mediante a utilização de painéis pré-fabricados, que estruturam a grande empena cega que se apreende a partir da via de acesso. Esta empena também resolve o conforto térmico do edifício ao cegar sua face norte e reduzir de forma considerável a carga térmica produzida por esta insolação. O trecho da cobertura correspondente é executado em laje de concreto, impermeabilizada e também com grande capacidade de carga, já que está apta a receber condensadores e compressores que se localizam na cobertura.
A outra parte, o corpo principal, é envelopado por um caixilho de vidro especial, que filtra a radiação solar, inclusive luminosa. Com vista predominante para o sul, transmite transparência e acesso à paisagem para os laboratórios. Sua cobertura é projetada em um único vão de treliças metálicas (28,80m), recobertas por telhas termo-acústicas, o que propiciou ao último pavimento uma ocupação em grande vão, sem um único pilar (45,00x28,80m).
Dentro desta estrutura encontramos ainda outra divisão. Na ala leste os laboratórios, na ala oeste as salas de trabalho e reunião, que oportunamente são lindeiras a um bosque de árvores de grande porte que funciona como estratégia natural para o sombreamento da fachada, auxiliando no conforto térmico e ao centro o foyer, espaço expositivo e auditório. O espaço central, com um grande pé direito é inundado por uma iluminação zenital controlada, proveniente de grande clarabóia envidraçada, e que funciona como filtro entre a paisagem externa e a quase clausura que é o trabalho em um laboratório deste tema. Integra, aos olhos dos usuários, o que é fora e o que é dentro, filtrando a percepção e preparando o expectador para a imersão ao programa. Este espaço possui ainda um passadiço técnico que interliga as áreas de equipamentos sem interferir na função principal, facilitando a manutenção e despertando ao espectador a clara percepção de que dentro daquele edifício questões técnicas estão claramente destacadas das questões sociais. Esta impressão é ampliada quando o espaço de uma pequena praça, em nível distinto da área externa, se integra ao conjunto foyer/auditório, propiciando total conforto aos pesquisadores e visitantes.